"Devemos desconfiar da Educação em série, aquela que está disponível nas prateleiras dos supermercados ou varejões acadêmicos..."
Análise de Produtos Educativos - Uma Introdução
Mais importante do que adotar um produto que, pelo menos nas campanhas de marketing parece inovador e útil para o seu magistério, é conhecer os reais benefícios dessa ferramenta na construção cognitiva do seu aluno ou filho, e tudo isso antes de colocar a mão na massa ou no bolso.
O mais comum é que ambos, educador e educando, acabem iludidos pela maciça propaganda de má fé dos fabricantes "especializados" ou “especialistas” que, além de propostas educacionais revolucionárias, também prometem aos seus usuários "resultados" milagrosos, uma espécie toque de "Midas" capaz de transformar pedra bruta em ouro nobre.
Antes de começar, lembre-se sempre de uma coisa: Educação criativa é aquela que potencializa a cognição do educando por meio da autoexperimentação e do princípio da dúvida, e não aquela que parece mais atraente por trás das vitrines.
O fato é que, como ignorantes nos encantam as expectativas diante de propostas dessa natureza, um passo certeiro para a frustração diante de um retorno nunca alcançado.
A solução? Que tal aprender mais sobre o assunto?
Critérios para Avaliação de Produtos Educativos:
Quando nos propomos a analisar um produto, aplicativo, utilitário ou ferramenta com proposta educativa, seja de natureza virtual ou real, alguns pontos deverão ser levados em conta e examinados com redobrado cuidado. Só a autocapacitação nos dará autonomia para evitar as armadilhas e o mau investimento, seja de tempo ou dinheiro; uma arapuca, que na maioria das vezes, tem como patrono, além de uma eficiente propaganda, nossa incapacidade de duvidar daqueles “pacotes mágicos" que depois de desembalados não cumprem o papel que deveriam cumprir.
Assim, precisamos avaliar aspectos, tais como, usabilidade, benefícios instrucionais ou cognitivos, métodos de aferição de resultados, critérios de abordagem didática usados pelo fabricante e tantas outras métricas, e tudo isso antes de abrir a carteira.
Mas, Afinal de contas, o Que precisamos levar em conta; quais são os Critérios?
Capacitados nesses quesitos acreditamos que Pais e Educadores estarão mais aptos a identificar os Produtos que atendam às suas necessidades, ou dos seus filhos e alunos.
É importante então um resumo final dos Critérios individuais usados para avaliar um produto, tais como: Facilidade de Uso, Divertimento e nível de interação com o usuário, Benefícios Educacionais ou cognitivos, Abordagem Educacional, etc.
Facilidade de Uso:
Indica de quanta preparação e suporte irá precisar um adulto para capacitar uma criança a usar aquele produto de forma autônoma.
Nesse quesito, primeiro levamos em conta se é um produto exclusivamente para uso adulto, como, por exemplo, livros que dão orientação sobre educação infantil. Pode ser também um produto que requer do adulto uma preparação prévia, como a leitura do manual ou instruções. Nesse caso, para que a criança ou aluno seja capaz de usufruir dos benefícios, o suporte do adulto será necessário.
Em segundo lugar, avalia-se se o produto permite que a própria criança o use com pouca orientação ou instrução. Algum suporte do adulto pode ser necessário antes que a criança se adapte ao mesmo. Após isso, ela poderá usá-lo livremente sem o aporte ou orientação adulta. Se a criança for muito jovem, o adulto pode simplesmente explicar a atividade e limitar-se a ficar disponível para eventuais esclarecimentos.
Em terceiro lugar, avalia-se se o produto permite que a criança comece suas atividades imediatamente. Do adulto será exigida apenas uma breve introdução inicial.
Nível de Divertimento e interação:
Informa se o produto tem elementos construtivos, excitantes, atraentes, capacidade de interação, desafios básicos e de entretenimento.
Num nível mais básico, rata-se de um produto que tenta adicionar um pouco mais de diversão além do seu tradicional objetivo cognitivo. No final, tem uma abordagem apenas educativa e nada além disso.
Num nível intermediário, este produto passa uma primeira impressão muito positiva, com temas e atividades atraentes e agradáveis. As crianças vão gostar e tenderão a repetir outras vezes.
Já no nível ideal, o produto se mostra criativo, interativo, inventivo, desafiador e altamente divertido devido às atividades, temas, história, personagens, etc. Certamente todos sentirão prazer em repetir muitas vezes.
Nível de Profundidade - Os Benefícios Instrucionais:
Representa o potencial do produto em aprofundar no tratamento da competência para qual ele foi projetado. Indica também se ele é capaz de criar interesses nas crianças, além do objetivo ao qual inicialmente se propõe a atender.
No nível básico, serve para um simples propósito, uma competência ou abordagem específica. Pode ser usado poucas vezes por suprir apenas um limitado número de objetivos práticos. É também dirigido para uma faixa etária limitada ou grupo restrito.
No nível intermediário, o produto se mostra apropriado para várias faixas de idades e escolaridade. Pode ser empregado em múltiplas tarefas ou permite mais que um tipo de aplicação. Personagens, objetos e ambientes dinâmicos podem encorajar a criança a usá-lo mais de uma vez.
No nível ideal, o produto oferece virtualmente uma infinidade de usos, ensinando, reforçando o conhecimento, experimentando, etc. É um produto que requer da criança pensamento em múltiplos níveis, e acompanha sua evolução. Crianças de várias idades e habilidades poderão usá-lo porque ele oferece renovados desafios. Dispõe de um alto nível de interação e não cansa a criança. Assim é provável que elas periodicamente retornem ao mesmo, sem a necessidade de incentivos ou apelos adicionais.
Editoria de Educação do Site de Dicas.
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Alberto Silva Filho - albfilho@gmail.com
É pesquisador das Ciências Cognitivas e orientador em educação infantil e adulta, inclusive da terceira idade, com especialização em Educação Integral. É também escritor de contos infantis e adultos, e um dos colaboradores fixos deste Site.
O autor não possui Website ou Blog pessoal.
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