Autor: Site de Dicas
Ilustrações e Texto: Alberto Filho[1]
Revisto e Atualizado: 11 de Maio de 2024
Um padre andava pelo sertão a cumprir o seu magistério pentencostal, ou seja, sua missão evangelizadora, e como estava com muita sede, aproximou-se duma cabana e chamou por alguém de dentro.
Veio então lhe atender, com um olhar meio desconfiado, um menino muito mirrado.
"Bom dia meu filho, você por acaso não teria por aí uma aguinha aqui pro padre?"
"Água tem não senhor. Aqui em casa só tem um pote cheio de garapa de açúcar! Se o senhor quiser...", disse o menino.
"Serve, vá buscar...", pediu-lhe o padre.
E o menino trouxe a garapa dentro de uma Cabacinha. O padre, morto de sede, bebeu bastante daquele líquido, como se fosse um verdadeiro néctar enviado pelos deuses. Ao esvaziar a cabacinha, sem hesitar, o menino prontamente lhe ofereceu mais. O padre olhou meio desconfiado, mas, como estava com muita sede, de bom grado, resolveu aceitar a gentil oferta.
Depois de se fartar bebendo aquele providencial e salvador líquido, o padre, curioso, perguntou ao menino:
"Me diga uma coisa, sua mãe não vai brigar com você por causa dessa garapa?"
Sorridente, e agindo com a mais absoluta naturalidade, lhe respondeu garoto:
"Briga não senhor. Ela não quer mais essa garapa. Ontem, quando ela viu que dentro do pote tinha uma barata morta, me pediu para jogar tudo fora...
O padre arregalou os olhos, e sentindo uma mistura de asco com uma frieza à boca do estômago, indignado, arremessa com força a cabacinha no chão, ao que esta se desfaz em mil pedaços. Em seguida, exclama furioso:
"Moleque danado, por que não me avisou antes?"
O menino olhou assustado para o sacerdote, e de olhos arregalados fixos no chão contemplando os restos póstumos daquilo que já fôra uma cabacinha, com a voz meio embargada, lamenta-se:
"Agora sim vou levar uma bronca daquelas... o senhor acabou de quebrar a cabacinha de vovó fazer xixi dentro..."
Conto regional do nordeste, popular em quase toda região interiorana, de Pernambuco ao Maranhão, e embora formalmente seja classificado como de origem desconhecida, provavelmente é uma adaptação dos contos embarcados com a colonização Portuguesa.
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