Autor: Editoria de Folclore - Site de Dicas[1]
Revisto e Atualizado: 02 de Maio de 2024
Desde então, anda pelos campos em busca de restos de animais mortos. No sul do Brasil se diz que ele come apenas os olhos dos animais capturados ou já mortos, e tantos olhos devora, que fica cheio da luz de todos esses olhos, e de longe mais parece uma bola em chamas, um clarão vivo. Se transforma numa espécie de cobra de fogo que serpenteia dentro da escuridão. E assim, com esta forma, algumas vezes, persegue os viajantes noturnos ou caçadores mais distraídos.
Outras vezes, ele é visto como um facho cintilante de fogo correndo de um lado para outro no meio da mata[2]. No Nordeste do Brasil é chamado de "Alma dos Compadres e das Comadres". Para os índios ele é "Mbaê-Tata", ou Coisa de Fogo, e mora no fundo dos rios.
O Boi-tatá é o Fogo-fátuo ou Fogo-de-Santelmo, luz cintilante, intermitente, que aparece e desaparece sem prévio aviso, produto que surge do processo de decomposição dos fosfatos de hidrogênio dos corpos de animais mortos.
Segundo a tradição, todo viajante que o encontre, deve ficar parado, imóvel e de olhos fechados, sem respirar, e Então, o Fogo-fátuo desaparece. Mas, quando o viajante teima em perseguí-lo, ele foge, intangível, e tanto mais corre, quanto mais procura apanhá-lo o perseguidor. E quando, ao contrário, o homem foge, O Boi-tatá persegue-o, atormentando-o, deixando-o desorientado, enlouquecido, e finalmente o leva consigo para as profundezas dos rios.[3].
Dizem ainda que ele é o espírito de gente ruim ou almas penadas, e por onde passa, toca fogo no mato. Outros dizem que ele protege as matas contra incêndios.
A ciência confirma que existe um fenômeno chamado Fogo-fátuo, que são os gases inflamáveis que emanam dos pântanos, sepulturas e carcaças de grandes animais mortos, que vistos de longe à noite, se assemelham a grandes tochas cintilantes em movimento.
Mboitatá é o gênio que protege os campos contra aqueles que os incendeiam; como a palavra diz, Mboitatá é: "Cobra de Fogo". As tradições figuram-na como uma pequena serpente de fogo que normalmente reside nágua. Às vezes transforma-se em um grosso tronco de árvore em brasa, chamado Méuan, que faz morrer por combustão quem incendeia inutilmente os campos[4].
Uma das lendas mais tradicionais do Rio Grande do Sul é a da Boitatá. Boi-tatá, cobra de fogo, chamava-se Boi-guassu, ou Cobra Grande. A lenda existe em todo Brasil, do norte ao sul.
A Boi-guassu, quando ocorreu o dilúvio, ou quando há inundações, ao ser acordada pela água, come todos os animais. No sul ela come apenas os olhos da carniça. Tantos olhos devora, que fica cheia da luz desses olhos.
Nomes comuns: No Sul; Baitatá, Batatá, Boi-guassu, Bitatá (São Paulo). No Nordeste; Batatão e Biatatá (Bahia). Entre os índios; Mbaê-Tata, Mboitatá. Outros Países: Fogo de Santa-Helena, Víbora-de-fuego, Shinen-Gaki, Feux-follets, Demônio Bifrons, Luz Mala, etc.
Origem Provável: No Brasil é de origem Indígena. Os negros africanos também trouxeram o mito de uma entidade que habitava as águas profundas, e que saía a noite para caçar, seu nome era Biatatá. O Fogo-fátuo, é tema universal no folclore, e em todos os países existem narrativas que tentam lhe dar nomes, torná-lo uma entidade fantástica, viva.
É um mito que sofre grandes modificações conforme a região. Em algumas, por exemplo, ele é uma espécie de gênio protetor das florestas contra as queimadas. Em outras, é causador dos incendios na mata. Uma versão conta que seus olhos cresceram para melhor se adaptar à escuridão da caverna onde ficou preso após um dilúvio. Noutra, ao procurar restos de animais mortos, come apenas seus olhos, assim absorve a luz e o volume dos mesmos, razão pela qual, tem os olhos tão grandes e incandescentes.
"Há também outros fantasmas, máxime nas praias, que vivem a maior parte do tempo junto do mar e dos rios, e são chamados de "Baetatá", que quer dizer "Coisa de Fogo", o que é o mesmo como se dissesse "O que é todo Fogo". Não se vê outra coisa senão um facho cintilante correndo para ali; Acomete rapidamente os índios e mata-os, como os "Curupiras". O que seja, isso ainda não se sabe com certeza."
[2] Gustavo Dodt Barroso, o grande contista, escritor, cronista e folclorista brasileiro, faz referência ao Kottô de Lafcadio Hearn, recordando que entre as trinta e seis espécies de Gakis, os espíritos que são admitidos no Budismo japonês, os "Shinen-Gaki" são os que aparecem à noite, sob a forma de "Fogos Errantes."
[3] Olavo Bilac - Últimas Conferências e Discursos. Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, 1924, p. 325.
[4] Couto de Magalhães - O Selvagem. Rio de Janeiro, Tipografia da Reforma. 1876, p. 138.
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