Autor: Editoria de Folclore - Site de Dicas[1]
Revisto e Atualizado: 02 de Maio de 2024
Os capuchinhos franceses, Claude d'Abbeville e Ives d'Evreux, registrando a existência dos Tupinambás, foram os primeiros folcloristas a adentrarem essa região. O interior do estado, no geral, era povoado pelo povo Gês, enquanto que o litoral era ocupado pelos Tupis.
Com o colono branco, o indígena constituiu a primeira ligação étnica e a formação divulgadora dos mitos que assim foram europeus e amerabas.
Datam daí, o nascimento e adaptações lógicas do Lobisomem, Mulas-sem-Cabeça, Batatão, Mãe-d'Água, Caapora, Cumacanga, e as pequenas variações do medo com retoques locais, determinando os mitos dessa espécie.
Na metade do século XVIII, esse domínio indígena se mostrava claramente, e a língua geral, o "nhengatu", era muitíssimo mais falado que o português[2].
Em 1890, no quadro de proporcionalidade das raças, representavam eles 15,22% na população sobre 31,3% de brancos. Os mitos gerais indígenas são, desse modo, popularíssimos em toda região e formaram a base, com o elemento branco, das tradições mais conhecidas.
O negro chegou depois, quando o Maranhão já estava em fase de ativo desenvolvimento. Mas o número duplicou a cada ano[3]. Um século depois a massa negra era imponente[4].
Assim, a presença da raça negra que no início era discreta, ganhou volume e em 1890 já representava 15,16% da população geral.
Desse modo, quando o indígena, massacrado pela colonização foi desaparecendo, o negro assumiu-lhe o posto tremendo de trabalho sem receber pagamento. O indígena era mais ou menos homogêneo em raça. O africano veio de várias procedências, falando idiomas diversos.
Chegaram a mudar os nomes de mitos europeus, chamando a Mula-sem-Cabeça de Cavala-Canga, ou Cavala-Acanga. A influência negra, poderosa e informe, fixou-se nas superstições, bruxedos, desdobrando o que receberam dos índios. Assim, o negro do Maranhão se torna um famoso conhecedor dos segredos terapêuticos, fiel às religiões complexas onde se misturam tradições dos Pajés e as dos Babalorixás.
Mas, o negro, na maioria dos casos é uma estação ampliadora dos mitos já existentes, e raramente deu origem a algum de sua própria etnia.
A Editoria de Pesquisas Folclóricas, é composta por dois antropológos, sendo um deles também folclorista, historiador e publicitário. Contamos ainda com a colaboração de uma pedagoga e antropóloga especializada em Tradições Populares e Costumes Antigos, e também com as valorosas contribuições dos nossos leitores.
>>> Bibliografia consultada.
[2] A língua portuguesa começou a ser geral ou, melhor falando, a ter uso em 1755, conforme Aires do Casal em sua publicação "Corografia Brasílica", IIº tomo, p. 73.
[3] Data de 1761 a primeira introdução de africanos no Maranhão, conforme escreve o Sr. José Ribeiro do Amaral, em seu "Dicionário Histórico, Geográfico e Etnográfico do Brasil", 1º. Vol. P. 270.
[4] Em 1872, era o Maranhão, com o Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, uma das províncias em que o elemento negro estava mais concentrado. [idem].
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