Autor: Editoria de Folclore - Site de Dicas[1]
Revisto e Atualizado: 02 de Maio de 2024
No Pará a massa indígena, toda da raça Tupi, desde Guajará até as costas maranhenses, foi a base da intensa e sempre contínua miscigenação. Os portugueses, Beirões, minhotos, açorianos, vieram diretamente de Portugal em grande número. O mameluco, o mestiço indo-lusitano, foi o primeiro maior produto da terra, devido ao número inferior de mulheres brancas.
Os Tupis, sempre em maior número que as outras raças, deixaram marcas profundas e definitivas no idioma, na culinária, nos mitos e nos costumes locais.
Com a catequese, os índios do interior, aceitam a religião católica e quase a adaptam aos ritos aborígenes, com seus bailados, sairés, bailes de festa cristã, etc. Tribos menores, como os Gês, Caraíbas e Aruacos, ficam em segundo e terceiro plano, pois, por serem avessos aos brancos, nunca conseguiram uma aproximação maior com o elemento conquistador, até que estivessem certos que sua presença lhes traria algo de positivo, além da boa conversa e promessas.
Os Tupis influenciaram fortemente toda psicologia paraense. Mesmo na parte mítica os Negros, sempre presentes e soberanos em outras regiões do Brasil, foram superados pelos amerabas. O Catimbó, o Candomblê, vitoriosos no Recife, Bahia, Rio de Janeiro, perdem espaço para o mestiço que caricaturiza as mímicas dos pajés, misturando o baixo-espiritismo com superstições africanas e determinando a Pajelança, o rito, a doutrina terapêutica e religiosa do Pajé.
O Negro chegou em último lugar e em número muito pequeno. Em 1890 eram 6,76% da população, sendo assim sua área de domínio menor[2].
No Pará, o elemento indígena, continua decisivo, reinando absoluto em suas crenças, superstições, mitos, costumes, culinária. O branco vem em segundo plano, falando de folclore, e o Negro em terceiro. Apesar disso sua atuação é um pouco maior que a vislumbrada pelo grande educador e escritor José Veríssimo[3]. (Vide também a nota 2).
O escravo fugitivo das cidades deixou filhos entre os indígenas de antigas tribos, no fundo das matas. Nesse caso percebe-se sua presença nos traços antropológicos e vestígios de mitos seculares que só poderiam estar presentes trazidos pela memória negra.
A partir de 1877, com a emigração maciça dos nordestinos para estas terras, expulsos dos seus domínios originais pela "grande seca", especialmente cearenses, norte-rio-grandenses e paraibanos, que acabam por se fixarem nos seringais, os mitos oriundos de suas regiões passaram a fazer parte do folclore local com grande força.
A Editoria de Pesquisas Folclóricas, é composta por dois antropológos, sendo um deles também folclorista, historiador e publicitário. Contamos ainda com a colaboração de uma pedagoga e antropóloga especializada em Tradições Populares e Costumes Antigos, e também com as valorosas contribuições dos nossos leitores.
>>> Bibliografia consultada.
[2] Escassa importância é a do negro na etnografia paraense, resumida a ter, por seu cruzamento com o índio, produzido as variedades étnicas, o Curiboca e o Cafuz. Foi relativamente pequeno o seu concurso na população do Pará, que por ocasião da abolição da escravatura, era uma das províncias que menos escravos possuía. Prova da pouca presença é não haver deixado no povo paraense impressões que sejam claramente notadas pela Etnografia. Quase não há sinal do africano, ao contrário do que ocorre no centro e sul do pais, seja na língua, seja nos costumes, seja nas crenças populares do Pará. (assim escreveu José Veríssimo em 1910).
[3] José Veríssimo Dias de Matos (Óbidos, 8 de abril de 1857 - Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1916) foi um escritor, educador, jornalista e estudioso da literatura brasileira, Imortal e principal idealizador da Academia Brasileira de Letras.
Foi, em 1891, diretor de instrução do Pará (cargo hoje equivalente a Secretário de Educação). Neste ano volta ao Rio, onde leciona na Escola Normal e no atual Colégio Pedro II, do qual foi diretor.
Afiliado ao Naturalismo, foi um dos expoentes na crítica literária e na historiografia das letras no Brasil. Como educador, teceu importantes análises sobre os problemas do sistema educacional do país na jovem República, herdeira de problemas como a recente escravidão, e tantos outros.
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