Autor: Editoria de Folclore - Site de Dicas[1]
Revisto e Atualizado: 02 de Maio de 2024
No século XVII alguns bandeirantes paulistas andaram capturando indígenas e queimando aldeias para arrebanhar “peças” que levavam para aos engenhos e “currais de gado” pelo São Francisco, o grande rio brasileiro. Domingos Jorge Velho passou pelos seus campos como uma mortal praga viral, como um flagelo comparado a um demônio. A quantidade de gente que ele exterminou é impossível de ser retratada por qualquer historiador.
Sua figura máxima é Domingos Afonso Mafrense, o Sertão, patriarca tangedor de gado, descendo devagar com suas boiadas, seus escravos fiéis, as famílias humildes e situando trinta fazendas, trinta sedes de futuras cidades.
A base dessa população chamada branca, era mestiça em sua maioria. Afonso Mafrense não deixou descendentes e suas ricas fazendas foram doadas aos Jesuítas e depois confiscadas pelo marquês de Pombal.
A pecuária não exige muita mão de obra como na agricultura ou mineração. Seis homens apascentam milhares de cabeças e um vaqueiro dirige uma fazenda. Para trabalhos maiores, grandes derrubadas de árvores, aproveitamento de plantios, enchentes alagadoras ou a luta contra o fogo no pasto, o conhecido “bater o fogo”, de forma gratuita e instintiva, os moradores locais e dos arredores o faziam de bom grado.
Os indígenas existentes, em maioria da raça Gês, os Tapuias da época colonial, erram arredios, impulsivos e brutos, assustados pela presença dos violentos colonos e bandeirantes. Embora não fosse comum as “bandeiras” de percurso interno apanharem índios no estado, assim mesmo, eles se mantinham arredios, cismados, amedrontados pela fama de Domingos Jorge Velho, o carrasco, o implacável esmagador do Quilombo dos Palmares[2].
Este estado de alarme durou muito tempo e retardou o desenvolvimento da terra. E como todos os esforços se concentravam no cuidado aos bois, novilhos e touros, o litoral longínquo, abandonado, foi sendo dominado pelos maranhenses e cearenses.
Sua população em 1890 era a seguinte: 28% Brancos, 15% Pretos, Caboclos 20% e Mestiços o restante.
Os mitos mais populares no Piauí, são os do rio Parnaíba, constantes de Mães-Dágua, homens encantados, filhos de Iaras, etc. Todos refletem a convergência entre os mitos europeus e indígenas, estes mais possivelmente trazidos pelos mestiços colonos que surgidos pela herança dos aborígines. Vários mitos locais lembram os similares europeus, enfatizando a persistência da influência dos nossos colonizadores.
São comuns os mitos gerais, Lobisomem, Mulas, Boitatás ou Batatão, Pé de Garrafa (como em Mato Grosso), Caipora. Não há referência ao Curupira nem Saci.
A Editoria de Pesquisas Folclóricas, é composta por dois antropológos, sendo um deles também folclorista, historiador e publicitário. Contamos ainda com a colaboração de uma pedagoga e antropóloga especializada em Tradições Populares e Costumes Antigos, e também com as valorosas contribuições dos nossos leitores.
>>> Bibliografia consultada.
[2] “Dizião os habitantes de Piauhi que nenhum motivo de queixa havião dado àquelles índios senão o de lhes terem morto por acaso um cão numa caçada; é porém natural que outro fosse o motivo que fez que aquelles índios se abalassem das cabeceiras do Gurguêa e do Piauhi, aonde até então havião vivido em paz, para vir atacar os colonos.”
(Milliet de Saint-Adolphe, Dicionário Geográfico Descritivo e Histórico do Império do Brasil, tomo 2º., pág. 300. Paris, 1845.)
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