Curso Criação de Atividades Recreativas
Aula 2 - Como Trabalhar a Criatividade na Concepção de Modelos Didáticos
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"A vida é um movimento sem explicação, e a compreensão do fato de que não há explicação para este movimento, nos torna iguais..."

Atribuindo um Real valor didático a uma Atividade:

O desenvolvimento e aplicação de uma Atividade Recreativa para um grupo de alunos ou pessoas, necessariamente, deve ter apenas um propósito que é o de Educar e criar algum Lastro ou fundo psicológico de valor no indivíduo.

Por Lastro Psicológico de Valor, queremos dizer, ensinar com as Atividades, de maneira divertida e ao mesmo tempo inserir nas brincadeiras elementos que também favoreçam o desenvolvimento psicológico e ético do indivíduo. Estes podem ser valores morais, emocionais, comportamentais, ou a capacitação para que o aluno se torne mais questionador, curioso, autoconfiante, paciente, tolerante, organizado, disciplinado, solidário; um verdadeiro solucionador de problemas na vida adulta.

E embora não seja uma tarefa fácil conseguir encaixar tudo isso dentro do escopo de uma Atividade Recreativa, com um pouco de conhecimento da psicologia infantil, podemos fazê-lo com relativo sucesso.

Vejamos o caso de uma Atividade Recreativa onde o preceptor, com base no seu conhecimento sobre o comportamental infantil, poderia lhes ensinar de modo indireto, sem que percebessem, por exemplo, O ato de Aprender a Solucionar Problemas.

Exemplo de uma simples atividade que ilustra este princípio de maneira bastante clara.

A faixa etária é importante, mas, não uma regra inflexível. Lembrando apenas que algumas crianças de um mesmo grupo etário podem ter uma percepção sensorial maior, mais desenvolvida, capacitando-as à solução de problemas de uma forma mais criativa que outras do mesmo grupo.

Estas são as exceções, e como tal deverão ser tratadas. Não podemos ignorar as exceções, estas precisam de uma atenção diferenciada. Se for Déficit de Aprendizado, podemos incluir o indivíduo em grupos normais. Nos demais casos, devemos organizar os grupos de acordo com seus níveis cognitivos.

Um status que merece atenção especial é a Motivação. Todos precisam de motivação para realizar tarefas. Por Motivação entenda-se o desejo de ganhar ou ser recompensado pelo dever cumprido. As pessoas tendem a agir apenas se estiverem adequadamente motivadas, e sem compensações, logo se tornam frustradas. Por outro lado, a promessa de recompensa cria o sentimento de competição e o medo do fracasso.

Por isso vale alertar que as melhores Atividades serão sempre aquelas sem um contexto capaz de incitar o sentimento de competição. Deverá o educador preferir aquelas cujo conteúdo esteja focado no sentimento da Cooperação ou Autosuperação. Estas dão ao indivíduo a força de que precisam para extrapolação dos seus próprios limites, pontos falhos e gargalos existenciais. Terão assim uma Motivação mais consistente e duradoura, uma vez que sempre estarão querendo provar para si que são capazes de realizar algo, e não apenas atuando como protagonistas de uma peça teatral concebida para exibição pública, como ocorre no modelo tradicional.

Sabendo o preceptor que a natureza original da criança é sua capacidade de explorar por tentativa e erro na ânsia de fazer a coisa certa a partir dos tropeços cometidos, vamos colocar sobre uma mesa, três caixas de diferentes tamanhos, conforme a ilustração da Figura 1:

Figura 1

Examinando a Questão das Caixas:

Suponha agora a seguinte condição inicial: É preciso carregar de uma só vez as três caixas, e o mais importante, pulando numa só perna, sem deixar cair nenhuma delas. Sabendo-se que para carregar qualquer uma das caixas você precisará usar simultaneamente as duas mãos. Por outro lado, o fato de ser obrigado a carregá-las pulando numa só perna, praticamente elimina a possibilidade de empilhá-las umas sobre as outras. Assim, como fazer para carregar as três ao mesmo tempo, sem que nenhuma delas caia no chão?

Claro que alguns conseguirão resolver o problema, outros não. Para aqueles que não conseguirem, dê a seguinte informação adicional: “As caixas menores cabem dentro das maiores.” Esta informação sugere que pensem antes de qualquer tomada de decisão, criando assim o primeiro sentimento de que, diante de um problema de qualquer natureza, independente de opiniões, uma análise em torno do mesmo é um quesito necessário.

Diante de uma atividade deste tipo trabalhamos simultaneamente o Raciocínio Lógico, a Estratégia e a Dedução, atributos que capacitam o indivíduo para a solução de problemas de natureza concreta. Trabalha-se também a noção de Espaço, Volume, etc. Outras qualificações importantes que podem ser desenvolvidas além destas são: Planejamento, Criatividade, Coordenação Motora, Organização e Atenção.

O Planejamento é aquela qualidade que proporciona ao individuo a capacitação para traçar suas metas e objetivos com disciplina, controle e Organização. Sem planejamento o senso de organização não existe, o que torna inviável a conclusão de qualquer projeto.

A Coordenação Motora é o atributo necessário do qual necessita o indivíduo para entender, manipular e interagir com o mundo concreto ou sensorial à sua volta. Diz respeito às formas e limites, espaço, natureza e movimento de todas as coisas que fazem parte do nosso mundo. Entender o funcionamento e utilidades das coisas faculta o indivíduo a usá-las de maneira consciente, um conhecimento útil para a solução dos problemas do dia a dia.

A Atenção parece ser o mais importante de todos, pois capacita o indivíduo a perceber seu mundo com lucidez e a aprender a partir das experiências. Um indivíduo desatento não sabe ouvir, e, portanto, torna-se incapaz de aprender. Uma correta Atenção proporciona ao indivíduo um modo de agir Disciplinado, Criativo e Organizado. É o atributo responsável pela criação e fixação de todas nossas memórias, as lembranças de informações para futuras aplicações.