"Um castigo que não seja ao mesmo tempo educativo e disciplinador, trata-se apenas de mais um deformador do caráter..."
“Um dos paradoxos humanos mais desafiadores, ainda é compreender a natureza do Ego, que ora finge ser bondoso para angariar méritos, e logo mais é capaz de fingir que nada recebeu com a intenção de não compartilhar os méritos que lhe foram concedidos...”
Examinando a Questão da Disciplina Infantil...
Em primeiro lugar, um comportamento infantil indesejável raramente é espontâneo. Isso quer dizer que, este Mau Hábito não nasceu como parte integrante e inata da psicogenética daquela criança. Comportamentos sempre são modelos cognitivos herdados, adquiridos ou assimilados a partir do próprio meio, seja no ambiente doméstico, ou outros frequentados por seu portador.
Outro ponto que julgamos importante, são as atitudes dos adultos em relação aos indisciplinados, uma vez que a reação imediata mais comum ainda são os ineficazes gritos ou castigos, posturas punitivas que ao invés de educar deseducam. E não são raros os casos onde o pequeno indisciplinado, além de não se corrigir, se corrompe ainda mais. Isso acaba por criar um verdadeiro círculo vicioso, onde o educador, dentro de casa ou na escola, agora se torna co-autor do processo de acentuação de uma deformação comportamental já existente na personalidade daquele jovem ou criança problemática.
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Por isso mesmo, saber castigar ou orientar da maneira correte, é uma qualificação que pais e educadores precisam, com urgência, adquirir. Não basta ter boa intenção, é necessário conhecer uma técnica que além de educar seja incapaz de criar Traumas e servir de combustível para a geração de mais problemas de natureza psicológica na criança, ou acentuação de traços deformados já existentes. Lembre-se: O castigo deve ter sempre como objetivo primário o esclarecimento cognitivo, de modo que a criança, de maneira lúdica e didática, se conscientize da falha ou postura pessoal a ser reparada.
Criança não é burra, apenas imatura. Logo, exceto nos casos onde exista uma dificuldade de aprendizado evidente, algumas vezes motivada por questões nutricionais, ou ainda quando sua idade seja inferior aos três anos, ela já é plenamente capaz de compreender o que é errado ou certo. Mas antes disso irá precisar de um adulto consciente e disposto a informá-la sobre todas estas coisas.
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Eis, portanto, a seguir uma pequena lista com 13 itens, dicas ou abordagens educativas, que embora tenham aparência de castigos, poderão se tornar eficientes práticas lúdicas e cognitivas para formação de uma personalidade infantil sadia. O objetivo das orientações é ajudar a corrigir os comportamentos patológicos, condutas que se desprezadas poderão evoluir para a delinquência juvenil e adulta.
Claro que estas dicas ou sugestões poderão ser ampliadas ou adaptadas para cada caso.
13 Verdades sobre os Castigos Infantis que você precisa conhecer antes de tentar Disciplinar seu Filho.
Se não quiser que a criança brigue com seu irmão, oriente para que ela faça exatamente o que você deseja. Por isso deverá dizer: “Cuide bem do seu irmão.” Para uma criança, o “não pise na grama”, na verdade repercute como um convite à prática da infração. Já a expressão: “Pise fora do gramado”, também funciona como um convite à prática do procedimento desejado.
O tradicional castigo onde o pequeno infrator é obrigado a permanecer sentado ou isolado em um local do qual não poderá se ausentar por um período de tempo, embora ainda largamente aplicado, é dos mais ineficazes. Ali não há o sentimento de punição, e em pouco tempo, a criança adquire resistência, sem, contudo mudar de atitude.
Para que o castigo seja eficaz é preciso que a criança tenha a certeza de que vai perder alguma coisa, a exemplo de uma conquista ou privilégio que já possui. O castigo do cativeiro não representa uma perda de fato, mas apenas a privação temporária de sua liberdade, algo que lhe será devolvido tão logo o tempo de reclusão acabe. Por isso, tem um efeito apenas simbólico, mas na prática, nenhuma eficácia educativa, disciplinadora ou corretiva.
Assim sendo, o único e eficaz castigo positivo é o corretivo. E corretivo quer dizer didático, esclarecedor, aquele capaz de acrescentar alguma coisa à cognição da criança; algo que seja verdadeiramente útil à construção de sua personalidade ou caráter. Não se enquadrando nesta condição, de nada servirá. Lembre-se, o castigo não é uma punição, e sim uma Maneira Inteligente e calculada de ensinar alguma coisa para aqueles dissidentes ou rebeldes, cujo modo de assimilação difere do modo de aprendizagem convencional.
E como a intenção do castigo é forçar a criança a prestar atenção a uma orientação ou informação útil, o processo só terá o êxito pretendido se ela tiver receio de perder algum benefício concreto que já possui. Pode ser a limitação do tempo de uso do computador, televisão ou celular. Assim, suspender o uso do equipamento por algumas horas ou por um dia inteiro, sem anistias ou concessões parciais, é uma boa prática. Importante também é explicar os motivos, assim como os benefícios da postura correta.
Privá-la de brincar com os amigos ou de assistir seus vídeos preferidos, e em casos mais extremos, até de comer sua sobremesa favorita, também tem seu valor didático. Com criatividade podemos ampliar a lista de “punições” cognitivas para uma infinidade de procedimentos e sem provocar grandes traumas. Por exemplo, se a criança insiste em jogar a roupa suja fora do cesto, não a terá limpa para uso posterior, mesmo que isso lhe custe a ida à escola, ou mesmo o comparecimento a um compromisso importante.
Importante também é cuidar para que aquilo não pareça um ato de vingança pessoal e sem motivos. Devemos ainda ficar atentos para os casos onde, entre irmãos, diante de uma mesma infração, penas diferenciadas são atribuídas. Numa situação dessa natureza, o efeito, além de não atingir sua meta educativa, se tornará negativo criando revolta, antagonismos e dissidências dentro do ambiente doméstico.
Esclarecer de maneira clara e convincente sobre os motivos do castigo ou ensinamento, e o mais importante, numa linguagem que a criança seja capaz de compreender, faz parte deste processo pedagógico. Histórias pessoais ou Fábulas Edificantes que trabalhem o seu lado emocional poderão ser usadas como exemplos. Se coloque no lugar de cobaia relatando episódios de sua vida pessoal como ilustrações cognitivas. No exemplo pessoal, não aconselhamos o modelo comparativo, onde outra criança é usada como referência ou espelho de má ou boa conduta.
Lembre-se, a criança problemática já está convivendo com conflitos pessoais sérios, muitos deles relacionados com a autoestima, e a comparação tende a acentuar ainda mais seu quadro psicopatológico. Por outro lado, esclarecer sobre as possíveis consequências de um ato negativo, se possível por meio de exemplos, tem grande valor. Mas, nada se compara aos esclarecimentos, também exemplificados, sobre os eventuais benefícios e desdobramentos de um ato positivo.
Outro ponto importante, é que não devemos cair na armadilha de tratar como castigos as obrigações e deveres naturais de cada um, tais como, arrumar a própria cama, escovar os dentes, cuidar do asseio pessoal, ajudar em pequenas tarefas domésticas, organizar o material escolar, ou acordar cedo para ir à escola. Ao agirmos dessa forma, por reflexo, estamos ensinando à criança que o ato de cumprir com os deveres necessários e obrigatórios ao seu próprio bem estar representa um castigo, uma espécie de calvário ou penitência.
Mas, afinal de contas, como devemos proceder no dia a dia?
A melhor prevenção ainda é o exemplo pessoal edificante. Uma criança passível de ser castigada já é uma criança cheia de Hábitos, Vícios e Manias, atributos negativos que absorveu de alguma fonte, e na maioria das vezes, dentro de sua própria casa.
Explique para o infrator o motivo da punição ou ensinamento, sem esquecer de enumerar os efeitos e consequências de cada ato praticado, sejam eles negativos ou positivos, tanto para si mesmo, quanto para outras pessoas.
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Sem uma consequência capaz de afetar diretamente o infrator, não existe castigo educativo. Seja firme e fique ciente de que, caso venha a fazer concessões em relação a alguma punição, sua autoridade como disciplinador terá chegado ao fim. Seja firme, mas não estúpido. Se agir com gentileza demonstrando toda sua frustração, empatia e consternação com a causa do problema, a criança vai entender com mais clareza a mensagem por trás daquele processo educativo.
Por fim...
Não se limite aos conselhos que acaba de aprender. Use sua própria imaginação e criatividade no exercício de sua Pauta Disciplinadora ou Magistério Doméstico. Afinal de contas, para as crianças, o centro de convivência caseira ainda é o melhor, e mais adequado ambiente, para se educar sem criar traumas ou provocar sérios transtornos sérios de comportamento, efeitos negativos que certamente poderão ter importantes desdobramentos em sua vida adulta.
Jon Talber - jontalber@gmail.com
É Pedagogo, Pesquisador, Antropólogo e autor especializado em Educação Integral e Holística. O autor não possui Website, Blog ou Página pessoal em nenhuma Rede Social.
Alberto Filho - albfilho@gmail.com
É orientador e Consultor em educação infantil e adulta, inclusive da terceira idade, com especialização em Educação Integral e Holística. É também ilustrador e escritor de Contos infantis, Juvenis e Adultos.
O autor não possui Website ou Blog pessoal.