Num momento onde os modismos pseudo educacionais tomam conta do mundo cibernético, mais do que nunca, pai e educador precisam ficar antenados e conhecerem os utilitários que de fato possam agregar verdadeiros valores cognitivos aos seus filhos ou alunos, sem, contudo, se deixar levar pela onda midiática da vez...
"Em um futuro não muito remoto, o educador que não for capaz de avaliar e escolher um Software ou Aplicativo de real valor educativo será considerado um analfabeto funcional, um pedagogo de segunda categoria..."
Introdução...
O poder do computador como ferramenta educacional é inquestionável, desde que usado com critérios e inteligência. A coisa mais importante é saber o que estamos colocando nas mãos das crianças, tanto em casa como na escola. Não se trata de simples diversão. Qualquer modelo cognitivo distorcido que uma criança absorve nesse estágio etário, terá repercussão pelo resto da sua vida. Ocorre que seu repertório cerebral carece de esclarecimento adequado de boa qualidade e uma falha nessa hora significa, mais à frente, desvios comportamentais sérios, muitos deles impossíveis de serem reparados.
Cuidados Especiais...
Não adianta confiar em tudo que dizem os fabricantes e distribuidores de softwares ou aplicativos, afinal de contas, sua intenção é vender seus produtos, e se terão ou não algum valor educativo de fato, para eles, isso não tem a menor importância. Trata-se do mesmo princípio ou abordagem já usada pelos traficantes de drogas: o importante é criar o vício e estimular a dependência, mesmo que os efeitos resultantes, para cada usuário, sejam negativos.
Educação é uma coisa só, com ou sem tecnologia. Para educar bem é preciso entender como funciona uma criança. Criança não é psicologicamente igual a adulto. Criança tem seu próprio ritmo, e forçá-la a tornar-se adulto antes do tempo – o que ocorre entre a maioria dos educadores e pais – vai trazer prejuízos irreparáveis ao seu processo cognitivo, caráter, capacidade intelectual e maneira de se comportar diante da vida. Essa abordagem é que dará lastro ao seu comportamento e personalidade, tornando-a apta ou inapta para enfrentar com lucidez, inteligência e serenidade, os inumeráveis problemas que terá em sua vida adulta.
"A presença do pai ou educador não é um item negociável durante todo processo de aprendizagem. O computador é apenas uma ferramenta de trabalho; um singular auxiliar nessa tarefa. Pai ou professor, orientando, encurtando os caminhos, usando os métodos tradicionais, incentivando brincadeiras de campo, nunca poderão ou deverão estar ausentes. A presença humana na educação é insubstituível. Sem ela não há educação; sem ela apenas sobrará a alienação e a ilusão de que se aprendeu alguma coisa."
Um bom educador ensina de um modo que o aluno não percebe que está estudando. Ali não existem as obrigações explícitas comuns do aprender, então tudo é como diversão. Assim também deve ser um software educativo.
A questão então é como "ensinar" sem que o aluno – segundo o ponto de vista do próprio aluno – perceba que está cumprindo a árdua missão de aprender alguma coisa? Afinal de contas, para a maioria das crianças ou jovens, o ato de ir à escola não é uma tarefa que farão de boa vontade.
Resumindo: como associar um rico conteúdo didático ou de valor cognitivo a um programa ou aplicativo, cujo objetivo é ensinar e divertir ao mesmo tempo?
Quando uma brincadeira é divertida e envolvente a criança terá prazer em praticá-la, e contará as horas até que possa novamente repeti-la. Dificilmente a esquecerá, mesmo que suas regras sejam complexas e lhe exija ordem e disciplina.
Quais seriam então as brincadeiras que mais agradam as crianças? Os 10 Prícipios Básicos...
Para saber disso é preciso entender como a criança vê o mundo à sua volta. E é um mundo muito diferente daquele visto pelos olhos adultos. Sendo um bom observador, paciente, organizado e interessado, esse adulto, no papel de pai ou educador, poderá descobrir. Mas enquanto isso não acontece, aqui vão algumas dicas que muito poderão ajudar na hora de escolher um Software ou aplicativo educativo, ou mesmo uma atividade educativa qualquer, para seu filho ou aluno.
1. Em primeiro lugar, crianças são entidades individuais e, portanto, apesar do convívio coletivo, precisam ser tratadas de modo exclusivo, personalizado. Por uma questão cultural, meninos poderão preferir softwares diferentes daqueles idealizados para o público feminino. Do ponto de vista didático esta diferença não existe e não deverá ser incentivada.
2. A criança que pergunta muito e é questionadora só irá exercitar o benefício da dúvida se o instrutor ao seu lado for receptivo e lhe inspirar total confiança.
3. Do ponto de vista de uma criança, a última impressão é a que fica. Pai ou professor de bom humor durante 364 dias do ano e de cara feia no último dia, apenas este último dia será levado em conta. Nesse caso a última impressão é a que fica mesmo.
4. O que soa agradável para uma criança, pode não o ser para outra. Então, se possível, a escolha do software deverá obedecer a critérios individuais. E há também o problema do ritmo cognitivo próprio de cada uma, e assim por diante.
5. Errar e tentar de novo, infinitas vezes, é a regra básica de uma criança, desde que ela se sinta confortável para uma nova rodada de tentativas.
6. A expressão "Tá errado" deve ser substituída por "Vamos tentar agora dessa outra forma." "Tá errado" induz à instabilidade emocional e insegurança em qualquer criança. Ao término de uma tarefa, a expressão destruidora da criatividade humana, "Você tem certeza?", deve ser evitada. Diga simplesmente que está certo ou que precisa de alguns ajustes, e ponto final.
7. Aqui vale um alerta importante. Pais e professores não se enganem, crianças adoram jogos violentos; aqueles onde a destruição é o tema central, principalmente pela ação frenética, explosões, tiros, os efeitos sonoros incríveis e o farto apelo visual que essa categoria de software possui. Cabe então a cada responsável manter este repertório longe delas. E caso o educador tenha consciência desse fato, também é recomendável, de forma clara e sem floreios, explicar para elas os motivos.
8. Os danos psicológicos e cognitivos que estes softwares causam às crianças, além do já comprovado estado de ansiedade crônica, são inumeráveis. Dentre eles, desequilíbrio emocional e dispersão mental, estados psicopatológicos de bipolaridade, comportamentos violentos, e assim por diante – não acredite nos “especialistas” que negam esse fato óbvio, os estudos comprobatórios estão por toda parte. E os efeitos negativos são devastadores e óbvios, impossíveis de se esconder. Não acredite nos estudos patrocinados pelos fabricantes, ou nos “especialistas” sem escrúpulos, que estão por trás de cada balcão de loja, ou escondidos em páginas de Blogs patrocinados, tentando negar esse fato irrefutável.
9. Uma coisa muito importante: A criança é muito exigente quanto à qualidade gráfica e estética de um programa, e isso tem influência decisiva no processo de aceitabilidade do mesmo. O programa pode ser o melhor do mundo em conteúdo didático, mas, se não tiver boa qualidade gráfica, é bom nem tentar.
10. Só lembrando: a boa estética dos objetos ou organização e a qualidade gráfica é coisa de extrema importância na formação psicológica da criança. Em sua psique, eis o que isso, para ela, significa: higiene, limpeza e asseio. Organização pessoal e disciplina; pensamento retilíneo, positivismo, objetivos alcançáveis; bem estar mental, e assim por diante. Precisa dizer mais alguma coisa?
"O Educador por vocação é como um agricultor. Trabalha com aquilo que tem ao seu alcance, e mesmo na precariedade saberá cultivar sua horta com criatividade, por isso ela será sempre a mais produtiva..."
Examinando as Preferências Infantis e Partindo para a Ação...
Criança basicamente gosta de: Explorar, de ser desafiada, de desenhar, de objetos que se movem, de música, de sons engraçados, de criar fantasias em torno das coisas, de animais exóticos, de ver como as coisas funcionam, de ver o que as outras crianças estão fazendo. Crianças gostam também de ensinar a outras crianças o pouco que já aprenderam. Não abrirão mão de ouvir boas histórias e de ter a atenção de alguém mais velho. Apreciam objetos com aparências estranhas, adoram brincar de construir alguma coisa, de observar formas curiosas e de não sentir-se obrigada a cumprir com alguma tarefa ou horários, muito menos de ser pressionada.
Então, o que a criança verdadeiramente gosta de fazer no computador e o que, de fato, tem valor educacional e é cognitivamente útil para ela?
Aqui vamos enumerar programas de duas categorias, que sabidamente repercutem de modo positivo em sua formação preliminar. São os chamados "Jogos Criativos ou lógicos" e também aqueles do grupo de "Desenho e Pintura."
1. Softwares educativos, quanto a sua vida útil, são classificados por um critério simples chamado Repetibilidade. Mas o que Significa isso? É simples, trata-se do grau de aceitação pela criança, que pode ser traduzido pelo seu desejo de repetir o processo, inúmeras vezes, sem demonstrar cansaço ou saturação. Pouco adianta um software de boa qualidade educativa, mas, cuja forma de abordar o tema não agrada ao usuário.
2. Os softwares educacionais são normalmente categorizados pelo assunto ou disciplina tratada; Leitura, Escrita, Geografia, Matemática, e assim por diante.
3. As enciclopédias, atlas geográficos, livros de ciências, cursos multimídia, dicionários infantis e outras coisas desse gênero, são exemplos dessa categoria.
Editoria de Educação do Site de Dicas.
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Alberto Filho - albfilho@gmail.com O autor é orientador de educação infantil e adulta, escritor de contos infantis, e trabalha com desenvolvimento de software educativo infantil. É um dos Idealizadores e colaborador fixo do Site de Dicas.
O autor não possui Website ou Blog pessoal.
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