Autores: Jon Talber[1]
Atualizado: 30 de Maio de 2022
Todos estes atributos são processos involuntários, que mais tarde servirão de meios para que seja capaz de entender o seu mundo. Assim, a criança não aprende a sentir gosto pelos alimentos, apenas a interpretar e dar os respectivos nomes ao que está comendo. A mesma regra vale para as interações como os demais sentidos.
E há também o temperamento, que são aqueles atributos, predisposições inatas que ajudarão o indivíduo a se identificar com algumas situações ou processos; a preferir interagir com algumas coisas e rejeitar outras.
Por meio da dedução lógica, o adulto acredita que é capaz de imaginar o que uma criança muito pequena está pensando. Mas ele está enganado, pois, sendo ela muito pequena, ainda não pensa. Apesar de ser naturalmente curiosa diante das coisas, não significa que tenha vontade dirigida, voluntária e consciente.
E eis seu ponto de vulnerabilidade, a inocência. Neste estágio ela, na maior parte do tempo, age por reação ou reflexo involuntário. Por isso, sem um crivo que a faculte discernir de modo sensato entre o inútil e o útil, tende a se tornar um alvo fácil das influências externas, sejam elas coisas más ou boas.
Por instinto, a criança tende a se apegar rapidamente, espontaneamente, a qualquer objeto que lhe dê a sensação imediata de conforto ou segurança. Faz isso por que fisicamente ainda se sente desamparada. Mas ainda não sente medo, uma vez que sua psique não possui memórias ou lembranças de eventos passados que reportem situações desagradáveis ou atemorizantes.
A mãe é um dos objetos ao qual se apega, uma vez que ela participa do seu bem estar, lhe proporcionando alimento, conforto físico, aliviando seu stress, e tudo isso significa amparo e conforto somático. Apega-se aos seus primeiros brinquedos, não por uma questão estética ou visual, uma vez que estes conceitos são conclusões do intelecto de uma mente já habituada a pensar de maneira lógica, algo que ela ainda não é capaz de fazer conscientemente.
Usar os sentidos à exaustão é o preparo básico e natural que sua psique precisa neste primeiro estágio de vida. É lá onde serão gravadas informações essenciais, tais como, aquilo que é coisa desagradável e agradável. Nesse processo inicial, também suas predisposições temperamentais serão reforçadas, e nesse aspecto, a influência da mesologia é um fator determinante.
Este é o ponto de onde todo escopo de sua personalidade será traçado. Daí nascerá o Modus Faciendi, a maneira de agir ou comportar-se daquele indivíduo. A partir desse degrau a criança começa a formar seu modo peculiar de interpretar como aparentemente “este mundo” funciona.
Ao apegar-se a um objeto, brinquedo ou qualquer outra coisa, ela começa a desenvolver sua memória lógica, e logo sentirá necessidade de repetir aquela experiência sensorial. A repetição é necessária porque o cérebro precisa disso para ser capaz de gravar uma informação de maneira definitiva. Eis o motivo pelo qual irá preferir alguns e rejeitar outros. E os preferidos serão aqueles que ofereçam mais recursos para exercitar simultaneamente seus vários sentidos.
Deste ponto em diante ela começa a comparar a sensação obtida a partir daquela experiência com as demais que terá durante todo seu processo de crescimento. Pode ser um timbre de voz, uma música, um gesto tátil de carinho, um som desagradável ou agradável, uma agressão ou susto, e assim por diante.
Como ela nada conhece do novo mundo que tem diante de si, à medida que cresce, só é capaz de aprender por meio da imitação. Por isso tenderá a repetir dos adultos, seus costumes, manias, medos, alegrias, vícios, tristezas, e tudo mais que seus apuradíssimos sentidos sejam capazes de captar. E mais uma vez, precisará repetir à exaustão cada uma destas coisas até fixá-las como memórias definitivas em seu cérebro. Cria-se assim um novo indivíduo; cresce um novo veículo humano, mas com a mesma antiga mentalidade, manias e vícios, que os adultos já possuem.
Isso implica em resgatar o mesmo padrão de violência e insensatez que carregamos ao longo da linha do tempo. Enfim, trata-se de uma decisão pessoal: ou repetimos todos os protocolos e postulados doentios que regem nosso atual modelo de mundo, ou nos rebelamos e criamos um padrão comportamental absolutamente novo para nossos filhos, com base no bom senso, caso tenha nos restado algum.