Autor: Jon Talber[1]
Conteúdo Atualizado: 14 de Julho de 2024
Observação Importante: Quando usamos a Expressão "Os Pais", estamos nos referindo aos dois Gêneros, e não apenas ao Gênero Masculino.
Um dos maiores dramas dentro da pauta educacional tradicional, seja no ambiente doméstico ou na escola, está na prática dos “incentivos”, onde para frequentar uma sala de aula, um aluno ou indivíduo, sempre vai precisar de uma “motivação extra.”
E isso ocorre simplesmente porquê, por regra social ou tradição, em geral este protagonista não é capaz de se ver como um beneficiário do próprio esforço, e sim como alguém que está cumprindo um dever para favorecer ou agradar a outra pessoa. Nesse caso, não há uma compreensão clara entre os jovens de que tudo aquilo, os deveres básicos, assim como os anos de frequência escolar, tem como único objetivo seu Autofavorecimento.
Entre pais e filhos, esta compreensão deveria fazer parte da ordem do dia. E nas escolas, deveria ser criado o dia do acolhimento, onde a cada aluno recém chegado se explicaria, de maneira clara e com uma didática possível de ser compreendida por todos, qual é o verdadeiro objetivo de educá-los.
Seria tão complicado explicar, de modo direto e sem floreios, que os únicos beneficiários pela frequência escolar, assim como por seus atos dentro daquele ambiente, são os próprios alunos?
Nossa tradição cultural incentiva a prática do incentivo ou suborno para tudo, seja para obrigar o sujeito a ter boa conduta, tornar-se organizado, cumprir com seus deveres, ou até mesmo para não se tornar um mau caráter.
Por que precisamos de incentivos e artimanhas para motivar os jovens ao simples ato de escovar os dentes? Não seria mais simples e eficiente mostrar, por meio de exemplos inequívocos, o que ocorreria caso não cumprissem com os seus deveres? Afinal de contas, quem será o maior beneficiário por tudo isso? E quando se rebelam sem motivos, que tal deixar que colham os frutos de seus atos, isso também não seria um eficiente, disciplinador e prático meio de Ensinamento?
E caso tomassem conhecimento das consequências ou experimentassem os efeitos dos seus atos, especialmente os negativos, será que ainda precisariam de incentivos para cumprir com suas atribuições? Quando se pratica o hábito da compensação para que cumpram com seus deveres regulares, acabamos por introduzir em suas vidas o hábito da coação corruptora. Condicionados com a prática do incentivo para tudo, não mais saberão se comportar de outra forma, e mais tarde, agora no papel de pais, também irão repetir a mesma receita com seus filhos.
Por que não deveriam participar? Para eles, seria uma atividade lúdica, além de edificante, de grande valor cognitivo. Na ocasião aprenderiam que tudo é feito a partir do esforço e engajamento do grupo, uma condição na qual o indivíduo ao desempenhar seu papel ou as tarefas menores de sua responsabilidade, contribui ativamente para a execução de uma obra maior. Afinal de contas, um dia não irão realizar trabalhos em grupo, ou mesmo conduzir uma família dentro de um lar, quando então serão responsáveis pela gestão de suas vidas?
Os pais perdem uma excelente oportunidade de educar seus filhos, e isso muitas vezes ocorre simplesmente porque consideram esta abordagem humilhante e indigna para eles. Mas, é digno que recebam pagamento para cumprir com seus deveres, obrigações e até atos de sensatez? Ao usar a linguagem do Incentivo para Tudo, qual é o tipo de mensagem que estamos transmitindo para estes jovens?
Uma criança pequena, algumas vezes, precisa que a medicação lhe seja dada à força. Mas, neste caso ela é inocente e não sabe que aquele gesto pode significar a diferença entre a vida e a morte. Ao contrário, o jovem já é capaz de diferenciar tudo aquilo possível de lhe favorecer, ou não.
O grande equívoco ocorre quando julgamos que os jovens ainda não estão preparados para se responsabilizar pelos seus atos, assim como colher os efeitos de suas inações ou ações, sejam malefícios ou benefícios.
A Autodisciplina seria uma abordagem inteligente. Isso capacitaria os jovens a agir e tomar decisões porque estão conscientes dos Efeitos e Causas dos seus atos. Tendo o medo como agente indutor, nunca serão disciplinados, e cumprirão as tarefas apenas por força de uma obrigação. Cumprirão, não porque estão conscientes de que aquilo é a coisa certa a ser feita, e sim porque temem as retaliações, ou estão interessados nas compensações.
Sensato então seria simplesmente lhes dar explicações. Mas não com a postura de uma autoridade, e sim conscientizando-os dos malefícios e benefícios de cada ação praticada em vida. Não seriam convencidos de nada, apenas esclarecidos por meio de exemplos, evidências, argumentos lógicos e compreensíveis. Convencer é o mesmo que fazer Lavagem Cerebral; não são necessários argumentos lógicos, apenas o uso da força de uma autoridade. A doutrinação pela imposição do medo e força de uma autoridade é uma prática comum dentro das organizações Sectárias e Ideológicas.
Esclarecimento, evidências concretas, incentivo ao uso da lógica racional e nunca da alienação emocional. Informados dos prós ou contras por trás de cada ato praticado, estariam cientificados de que são responsáveis pelo resultado de suas decisões e ações.
Não existe malefício maior que privar nossos filhos ou alunos das experiências da vida, sejam desfavoráveis ou favoráveis. Se precisam aprender que seja sob a vigilância e aporte dos pais, e assim terão maiores chances de se recuperar dos erros cometidos, das injúrias ou traumas sofridos. Pais omissos e estúpidos criam filhos igualmente omissos, alienados e estúpidos.
E assim, cada escola ou método cognitivo, com suas centenas de fórmulas e teorias aplicadas com a intenção educar com mais eficiência, reformar ou lapidar um homem novo neste velho mundo, se propõe a resolver este problema. E apesar de tantos métodos e receitas sobre a melhor forma de educar, e a despeito de algum aluno obter êxito na vida profissional ou pessoal depois da escola, a verdade é que as academias escolares não conseguem edificar de maneira consciencial nenhum indivíduo.
Não podemos dar experiência a ninguém, assim como também não é possível fazer o outro incorporar tudo que já passamos em vida. Podemos, no máximo, esclarecer e apontar o caminho quando a oportunidade se faz presente. Podemos antecipar e alertar, mas um alerta de nada servirá se não vier acompanhado da imprescindível experiência de vida, ou exemplo prático.
Como orientação prévia, o alerta é essencial, mas jamais irá suprir as demandas cognitivas de qualquer indivíduo. E caso o modo tradicional de impor métodos como se isso fosse educação não for repensando, nada irá mudar. No entando, embora este compêndio de Normas técnicas e conhecimentos científicos tenha sua utilidade no campo profissional e qualidade de vida, mas nunca será capaz de proporcionar lucidez, discernimento e bom caráter em quem quer que seja.
Para se obter instrução não é necessário ter educação. Uma máquina instruída para realizar tarefas repetitivas e de maneira mecânica, fará a mesma coisa sem a necessidade de ser educada, disciplinada, ou ser inteligente. Afinal de contas, para se executar instruções o único pré-requisito é estar apto a imitar, e neste aspecto todos os seres racionais já estão capacitados desde o berço. Não depende de suas vontades, trata-se de uma prerrogativa instintiva, natural, um processo que não demanda nenhum traço de inteligência.
O que seria capaz de tornar um indivíduo, além de instruído, consciente das próprias limitações e potencialidades, e também de suas imperfeições, assim como de demonstrar interesse em descobrir qual o seu objetivo existencial? Da atual pedagogia, que mais se presta a desinformar que esclarecer, esta resposta, certamente, jamais virá.
Tentar capacitar o homem para transformar os Conflitos Humanos em organização a troco de recompensas, não funciona. Do mesmo modo, doutrinar cidadãos para que sejam sensatos e cumpram com as leis apenas pelo temor das consequências, é perda de tempo. Se cada um decide cumprir seu papel porque está lúcido e consciente dos desdobramentos dos seus atos, nenhuma lei para lhes dizer o que deve ser feito, seria necessário.
A lei é necessária porque não existe educação, respeito, ética pessoal ou bom senso. Educado não é o sujeito que está apto a seguir instruções, nem as regras do protocolo social. Muito menos aquele que está disposto a cumprir suas obrigações por força de preceitos sectários, crenças ou tradições, ou mesmo incentivos. Mas, antes de tudo isso, é todo aquele que compreende, por meio da autorreflexão, o que é sensato e justo. Sensato não é aquilo que beneficia um e sacrifica outro. A satisfação pessoal não pode ter como causa o sacrifício de outros. Será que é mesmo tão complicado explicar isso para nossos filhos e alunos?
Esta compreensão surge quando o jovem tem certeza de que seus atos terão como resultado efeitos negativos ou positivos. E todo este desdobramento irá repercutir, muitas vezes de maneira dramática, para si e os demais à sua volta. O malefício é resultado dos equívocos, assim como os acertos nos proporcionam benefícios. Falando sério, Há algum mistério nisso?
Descobrir meios de fazer o jovem compreender que nem sempre o meio determina a postura comportamental ou psicológica do homem, e que ele é o verdadeiro dono de sua vontade, seria um marco em seu processo Consciencial e Evolutivo. Mas, esta qualidade de consciência ainda não se aprende em casa, muito menos na escola. Pelo menos não enquanto essa pedagogia virulenta que conhecemos tão bem, e que até agora insistimos em perpetuar, for a única solução disponível.