Autor: Jon Talber[1]
Conteúdo Atualizado: 29 de Novembro de 2023
Observação Importante: Quando usamos a Expressão "Os Pais", estamos nos referindo aos dois Gêneros, e não apenas ao Gênero Masculino.
No entanto, não há como fugir da realidade, e esta é simples: os pais ou tutores são os verdadeiros responsáveis pela conduta das crianças que ainda estão sob seus cuidados, afinal de contas, nenhuma delas veio ao mundo como cães sem dono.
Se não conseguem ter tempo suficiente para cuidar delas, isso faz parte do problema criado por eles mesmos. A questão então é, como podemos exigir do mundo coerência para o modo de pensar e agir dos nossos filhos, se nós mesmos nunca lhes mostramos como se faz isso? Uma criança criada dentro de um lar atencioso, com pais ou cuidadores presentes, carinhosos, pacientes, respeitadores e amigos, só por obra de um improvável, trágico e caprichoso destino poderá ter uma Mente Delinquente depois de crescida.
Esta pedagogia involuntária – supondo que os pais não tenham consciência de nada disso – é a cláusula que irá determinar as futuras aspirações de crianças e jovens. E a influência lá de fora servirá apenas de complemento, referência negativa ou positiva, um consistente reforço para consolidar os traços já adquiridos dentro de casa. Sendo as crianças e os jovens criados em um ambiente de atenção, cuidados, compreensão e muito diálogo, nada do mundo lá fora tenderá a influenciá-los de maneira negativa. Se ainda assim caírem em tentação, mais uma vez, será porque uma correta, exemplar, sólida e qualificada educação preliminar, ou básica, não tiveram dentro de casa.
Não se trata apenas de suprir conforto e lastro material, mas antes disso, de prover de atenção e respeito, afinal de contas, são eles nossos filhos, uma herança que deixaremos para o mundo na forma de uma contribuição negativa ou positiva.
A questão é: Como afinal de contas é criado o repertório cognitivo de um jovem? Não nos referimos ao cérebro orgânico, mas o conteúdo que está lá dentro, gravado no interior do seu intelecto, aquilo que deu forma a sua personalidade? De onde virão as influências e estímulos patrocinadores do seu comportamento, um acervo que em comunhão com suas idiossincrasias darão as nuances definitivas à sua individualidade? Terá sido do mundo lá fora, dos amigos, de sugestões da sociedade e dos costumes? O que afinal de contas influencia este jovem a ponto de determinar o quê, e como, deverá ou não agir pelo resto de sua vida?
Sabemos que uma criança não nasce com uma personalidade pronta, mas apenas com predisposições inatas que chamamos de embriões temperamentais. Este atributo pode interferir no seu processo cognitivo, mas não determinar todas as suas posturas futuras. Então, pela lógica mais elementar, só podemos deduzir que tudo isso ocorre no intervalo entre o período que a criança desce do berço e aquele que vai às ruas. Mas, como essa criança recém chegada ao mundo apreende e assimila os caracteres que irão constituir sua personalidade, onde estão incluídos seus gostos, desejos, amarguras, paranóias, enfim, todo repertório cognitivo que irá moldar e dar consistência ao seu caráter?
Se uma criança aprende por meio da imitação, e na verdade todas as crianças aprendem por meio da imitação, logo ela precisa de um exemplo prático capaz de lhe servir de gabarito. Isto é, um ou vários espelhos para se guiar, e destes, finalmente, tirar aquilo que de acordo com suas tendências e inclinações melhor se adequa à construção do seu Perfil Comportamental Básico. Não há outra maneira, mas existem inúmeras formas de como estas forças indutoras irão, de modo dramático, entrar e interferir em sua vida.
E como já dito antes, apesar do importante apelo do seu temperamento natural que a predispõe a identificar-se com alguns interesses e preferências, é o exemplo de pais, cuidadores ou da mesologia o fator definitivo para a construção e consolidação de sua personalidade ou perfil comportamental, dentro e fora de casa; não há outra forma.
A questão que devemos considerar então é essa: Como surgem as preferências infantis? Não nos referimos aos traços das tendências inatas e inconscientes já citadas, mas os conscientes, tais como os desejos lúcidos, antipatias ou empatias, medos, enfim, todo alicerce psicológico que vai dar forma à personalidade dos nossos filhos? Afinal de contas, eles não nascem com nada disso. Logo, sabendo que nada disso faz parte do seu instinto primário, só resta concluir que tudo foi absorvido e incorporado a partir do meio onde vive, por meio dos exemplos práticos, de outras pessoas.
No entanto, se somos capazes de escolher ou comparar, preferir ou rejeitar, então é coisa do pensamento, faz parte das memórias adquiridas, acumuladas a partir de nossa experiência de vida ou condicionamento social. Trata-se de uma experiência onde estão incluídas as influências que assimilamos e copiamos do nosso meio para usar como modelo de conduta.
Perceber que, a cada nova geração, os vícios e anomalias sociais do mundo são repassados na íntegra aos seus inquilinos, nesse caso nossos filhos, esta deveria ser a primeira tarefa dos pais realmente interessados no futuro dos seus filhos. Aceitar que este é o modo usado como gabarito para condicionar as futuras gerações é compreender o Modus Operandi e Faciendi deste mecanismo social encarregado de construir personalidades.
E embora não possamos mudar o mundo, podemos transformar o indivíduo que está sob nossos cuidados. Ele é uma entidade que irá viver neste mundo, com todas suas distorções e dramas, e poderá ser um multiplicador, ou não, de toda essa confusão. Trata-se de um processo individual, lento, paciente, mas necessário, se quisermos acrescentar ou assegurar um desdobramento singular e profícuo à trajetória existencial dos nossos filhos. Enfim, é uma mudança de paradigmas que depende apenas da vontade e boa vontade dos pais, e de mais ninguém.