Autor: Jon Talber[1]
Atualizado: 14 de Julho de 2024
Descubra qual a importância de compreendermos o papel dos gêneros na formação da personalidade infantil, e como podemos contribuir para que isso não se transforme em um problema social, que ameace a convivência entre as crianças de hoje e os adultos de amanhã.
"Lembre-se sempre de que, o resultado das ações do potencial adulto que está naquela criança, depende da qualidade da instrução que ora recebe do adulto já formado que está à sua frente..."
Não valorizam o fato, nem mesmo quando se dão conta de que ambos possuem órgãos sexuais diferentes. Na verdade, para elas, menino é aquele que tem cabelo curto, e menina quem tem cabelo comprido, o que na verdade já é um estereótipo social criado pelos adultos. E mesmo as peculiaridades do temperamento de cada gênero, são categoricamente desprezadas.
Na realidade, os adultos cuidam para que, desde o início, a aparência transforme os gêneros em diversidade e antagonismo. Para uma criança pequena, isso não tem a menor importância, pois, as diferenças ocultas, até favorecem o desenvolvimento compartilhado.
Os temperamentos distintos são encarados por elas como atributos complementares, uma forma inteligente de convivência, onde as carências de um gênero são supridas pelo outro. É como no caso das mãos, onde cada uma com o tempo desenvolve peculiaridades próprias, mas que no geral, se complementam para suprir as demandas do seu hospedeiro.
E tão logo as crianças sejam capazes de abrir os olhos, os adultos já iniciam sua brigada condicionadora, cuidando de nutrir em seus inconscientes o que primeiramente são: mulher ou homem. O que acaba por exacerbar de maneira exagerada os traços idiossincrásicos que cada gênero traz do berço.
E como também já temos um padrão usado para moldar cada gênero, isso complementa a primeira parte deste peculiar processo de Reprogramação Mental Patológica que irá transformar menina e menino em entidades antagônicas, desiguais e divergentes entre si, predestinadas a viver em permanente conflito.
E então é chegada a hora de repetir os estereótipos já criados para consolidar às primeiras diferenças que deverão existir entre os gêneros, a exemplo das roupas, dos brinquedos, dos hábitos, e assim por diante.
Na verdade, uma criança não precisa de nossa ajuda para aprender a diferenciar os indivíduos do sexo oposto, uma vez que isso deveria ocorrer de maneira natural, sem depender dos costumes e tradições que acabam por criar e perpetuar estas linhas divisórias desnecessárias entre os gêneross.
A convivência pacífica entre os gêneros deveria ser um processo natural, sem depender de nossa interferência. O convívio entre gêneros opostos, contempla ao mesmo tempo, a evolução do seu corpo sensorial sincronizada com o psicológico.
E tão logo introduzimos no mundo destas crianças os clichês criados especialmente para categorizá-las por sexo, corrompemos, adulteramos e deformamos este ciclo de aprendizado espontâneo.
Cabelos compridos, roupas azuis ou cor de rosa, carrinhos, bolas ou bonecas, saias ou calças compridas, tudo isso nós criamos para lhes dizer, desnecessariamente, quem é quem.
E tão logo as crianças são segmentadas por Gêneros Antagônicos, também instigamos o culto às diferenças e a prática do preconceito, um comportamento que se estenderá para todas as áreas do convívio social humano. E fazendo seu papel, uma poderosa alça do sistema econômico, a máquina corporativa indutora de hábitos, logo se encarregará de apoiar, alimentar e fortalecer este status.
E há também dentro das sociedades a questão do poder, onde o desejo de dominação de um congênere sobre outro, depende exclusivamente da existência destes parâmetros separatistas, ou ritos da tradição.
O projeto que segmenta os gêneros normatizando os estereótipos característicos de cada um foi idealizado por este Mecanismo Social doente e inserido em nossas vidas como um padrão habitual e necessário.
O pior de tudo é quando nos convencem que se trata de um processo natural, fundamental para o desenvolvimento sadio de cada indivíduo. E sem perceber, nos tornamos agentes multiplicadores destas anomalias. E até nossas emoções foram cuidadosamente planejadas, e assim, naturalmente tratamos cada sexo, como entidades antagônicas de fato.
Existe até mesmo um protocolo, que é na verdade um gabarito de procedimentos e regulamentos, orientando como pais e mães deverão condicionar seus filhos e filhas, evidentemente, com a devida distinção, caracterizando, ilustrando com uma didática bizarra as diferenças irreconciliáveis que supostamente existem entre cada gênero.
Trata-se de um modo operacional para lidar com meninas e meninos. Assim, os conteúdos psicológicos, interesses, objetivos e até as emoções, tudo isso será fracionado, seguindo à risca a orientação imposta pela influência de tais demandas corporativas, tradições e costumes patológicos milenares.
Como resultado, substituímos seus temperamentos ingênitos, por mórbidas cópias virtuais ou aberrações comportamentais criadas por nós.
Aprenderão sobre as suas peculiaridades emocionais, as formas como cada um reage diante de uma mesma situação. Trata-se de um aprendizado tão rico que seria incapaz de caber em qualquer compêndio educacional teórico criado por “Especialistas” de mente fossilizada e intenções duvidosas.
A convivência espontânea, sem a imposição dos nossos preconceitos, vícios e manias, faculta também o autorrespeito incondicional, e tudo isso, de acordo com suas limitações, inclinações e disposições inatas. Estarão vivendo num mundo novo, já que cada dia será de novas descobertas.
Não aprenderão que menino é o indivíduo vestido de azul que brinca com carrinhos, nem que menina é aquela que prefere a cor rosa e brinca necessariamente com bonecas. Muito menos que meninos são agressivos e as meninas meigas. Descobrirão se tudo isso é verdadeiro ou falso, naturalmente, sem a estúpida intermediação dos adultos já contaminados por um status existencial de incompetência crônica.
O convívio sem a instituição do gênero permite que compreendam naturalmente o papel de cada um. Não tentarão subjugar um ao outro; nem haverá a necessidade do gênero dominante, pois isso apenas existe a partir do momento que instituímos o fraco e o forte, o inferior e o superior, o dominador e o subjugado.
Se fisiologicamente os gêneros são diferentes, isto também reflete de maneira decisiva na parte psicológica de cada um. O cérebro masculino enfatiza o movimento e a mecânica dos processos, assim como a compreensão dos espaços físicos, dimensionamentos e formas geométricas, ou seja, o lado racional e lógico de cada questão.
Enquanto isso, a mulher desenvolve mais a sensibilidade, as emoções, o dom da expressão e comunicação, assim como a fala e a observação, a intuição, o detalhismo, a harmonia, a estética, a organização, disciplina, harmonia das formas, criatividade e zelo pelas coisas.
Não existe inferior ou superior, mas, ao invés disso, Diferentes Predisposições e capacidades, atributos psicológicos não antagônicos e sim conexos ou complementares, cuja função é o trabalho conjugado, colaborativo, exatamente ao contrário do que tentamos instituir a partir de tradições espúrias criadas por nós para nos separar.
E assim, todo traço próprio de cada gênero é obra intencional de parte da natureza, para que se ajudem mutuamente, o que caracterizaria o permanente convívio ressonante, e não o estado de competição patológico, divisório e conflituoso que conhecemos tão bem; que instituímos como norma de vida, e com nossa imensa estupidez, ajudamos a perpetuar.