Autores: Jon Talber e Alberto Filho[1]
Conteúdo Atualizado: 29 de Novembro de 2023
Observação Importante: Quando usamos a Expressão "O Pai ou os Pais, Educador ou Educadores", estamos nos referindo aos dois Gêneros, e não apenas ao Gênero Masculino.
Tamanha urgência temporal é uma estratégia da natureza, uma vez que o cérebro humano, por ser mais complexo do que o de qualquer outro animal irracional, precisa de grande flexibilidade, e isso significa ser capaz de absorver simultaneamente um grande volume de informações. E eis o motivo pelo qual, neste estágio etário, o tempo disponível se torna um ativo tão precioso.
Assim, o cérebro é capaz de captar, apreender mais de uma impressão simultaneamente, e depois memorizar as particularidades de cada uma delas, requisito essencial para a etapa seguinte que será a construção consciente de um formidável banco de memórias. Graças a esta característica, mais comum entre os humanos, a criança mais tarde será capaz de desenvolver o atributo da dedução. Isto significa estar apta a pensar de maneira organizada e lógica, e a partir daí planejar seus atos.
Com uma disposição ímpar para aprender ela é capaz de apropriar-se de qualquer comportamento, inclusive as más influências e os estados emocionais negativos dos adultos, especialmente dos mais próximos. E sendo ainda incapaz de diferenciar o inútil do útil, acaba por incorporar ao seu próprio padrão de pensamento e idiossincrasias tudo que sensorialmente percebe, e tudo isso logo se transformará em caracteres ativos e permanentes do seu caráter.
Poderá crescer com a convicção de que se dará mal ou bem na futura vida adulta. Poderá ainda ter um sistema emocional que facilmente sucumbe às adversidades, ou ao contrário, uma forte disposição ou motivação para enfrentar com altivez qualquer contratempo ou embaraço existencial que venha a ter pela frente.
Sempre lembrando que cada detalhe de sua futura personalidade, cada traço e modo como se comporta diante das contingências da vida, vai depender deste aprendizado inicial ou da qualidade desta pedagogia. Sim, coisas negativas, assim com as positivas, são ensinamentos, instruções, orientações assimiláveis que poderão ser memorizadas e que mais tarde poderão compor o repertório cognitivo e personalidade daquela criança.
Assim, tudo isso ela apreende e memoriza a partir da interação com o mundo à sua volta; daqueles com os quais se relaciona de maneira indireta ou direta. A forma direta ocorre por meio do convívio presencial, seja com seu grupo familiar, ou frequentadores ativos do ambiente onde vive. A via Indireta é a televisão, livros, revistas, internet; as histórias que escuta, e assim por diante.
Caso o ambiente onde vive seja conturbado e nosográfico, pela lógica, nosográfico tenderá a ser o seu estado emocional e padrão pensênico predominante. Caso o ambiente seja pacato e harmônico, harmonia, serenidade e equilíbrio demarcarão sua base comportamental primária.
E o processo todo é bastante simples: Se está em sua memória, será usado pelo pensamento. Terá assimilado de fonte conhecida com a qual tinha algum tipo de empatia ou vínculo. E nestes primeiros estágios de sua vida, estas fontes, provavelmente, serão seus parentes ou cuidadores mais próximos.
Assim, a criança pode se tornar um mestre em pessimismo ou em otimismo, e tudo isso vai depender daqueles que orbitam em seu micro universo infantil de maneira indireta ou direta. Quando a mãe ou o pai se propõe a sentar-se com ela para ajudar nas tarefas corriqueiras da escola, isso, apesar de ser instrução, nesta fase de suas vidas, para a formação de sua psique emocional, como conteúdo psicoemocional, tem um valor apenas regular.
Por outro lado, o modo como aqueles adultos se comportam no dia a dia; a maneira espontânea como se relacionam com as pessoas e situações; o modo de falar, os hábitos, gestos, as queixas, o modo como interagem ao sentar com aquela criança, estes caracteres são as mensagens cognitivas mais importantes neste estágio de estruturação psicológica da psique infantil.
A criança não é capaz de reconhecer o real valor das coisas, uma vez que ainda não é capaz de pensar de maneira lógica. No entanto, imitar até gradualmente alcançar à perfeição, isso ela já é capaz de fazer. E assim, aos poucos, pelo exemplo diário, involuntário ou voluntário, estimuladas por este convívio, aspectos adormecidos do seu temperamento acabarão por se identificar com tudo isso, motivo pelo qual irá adotar tais posturas para compor sua futura Personalidade.
É assim que caracteres negativos e positivos da mesologia são agregados à nossa personalidade de modo natural, imperceptível. Finalmente nosso sistema emocional se adequa, aprendendo a reproduzir na íntegra os maus ou os bons hábitos; e também as correspondentes pantomimas, maus hábitos, vícios e manias dos mestres, passivos ou ativos, que sempre estiveram à nossa volta.
E estes atributos ou influências, a partir de estímulos externos, acabam por servir de caminho para a construção e consolidação de cada personalidade. Se o temperamento inato é coisa potencial, ainda não desenvolvida e consolidada como parte final de nosso perfil psicológico, o comportamento do mundo já é coisa vigente, e são exatamente estes aspectos que acabam predominando na formação definitiva das principais nuances da individualidade ou caráter de cada protagonista.
Desse modo, psicologicamente, nós criamos as posturas dos personagens que serão nossos filhos, e não a misteriosa natureza que nos deu o dom da vida. A natureza detentora do dom da vida, não cria as personalidades ou as preferências comportamentais que caracterizam cada adulto. Isto é papel da mente social e do meio onde vivemos; da mesologia da qual somos partes integrantes e atuantes.
Lembre-se, instrução é toda informação que orienta ao outro como fazer, e para uma criança, a origem desta orientação é coisa irrelevante. Se virá do mau caráter ou do indivíduo bem intencionado, para ela, ainda sem um senso crítico formado, isso pouco importa, pois informação é a única coisa que sua mente cheia de frescor e ávida por conhecimento, neste momento considera importante.