Autor: Alberto J. Grimm[1]
Revisado e Ampliado: 18 de Dezembro de 2023
"Para os meios midiáticos em todas suas formas, o homem estúpido, ignorante e arrogante, aquele mesmo que se recusa a pensar por conta própria, ainda é seu mais precioso mimo e ativo financeiro..."
Ao final da compilação, a quase totalidade do universo avaliado, as jovens com idades entre 15 e 17 anos, responderam que, de algum modo, estavam insatisfeitas com sua atual estética corporal, motivo pelo qual gostariam de mudar alguma coisa, fosse para corrigir, compensar ou até mesmo para reforçar sua força presencial. Enfatizaram estar dispostas a fazer isso sem problemas, fosse por meio de intervenções cirúrgicas, tratamentos estéticos ou automutilações, a exemplo de piercings, tatuagens extravagantes ou outros processos, pouco importando o grau de sofrimento físico necessário para isto.
Segundo as entrevistadas, a insatisfação com a própria estética corporal repercutia de maneira dramática em seus Comportamentos e hábitos Sociais, interrelacionamentos, Desempenho Escolar, e até na maneira de se posicionar diante da vida. Tratava-se de uma condição que afetava a autoestima destas jovens de um modo tão pungente, que o assunto acabou repercutindo entre os pesquisadores.
A novidade para eles, é que nunca se viu, de maneira cientificada e certificada, tantos jovens, especialmente do gênero feminino, contagiados por tamanha paranóia. Sem muito interesse de explorar a fundo a questão, claramente um problema social, logo os comitês encarregados de rotular manias, aqueles conclaves que existem apenas para transformar alienações, hábitos, vícios, manias, novos comportamentos, paranóias ou delírios sociais em patologias clínicas, foram convocados para explicar o fenômeno. E foi o que fizeram.
E segundo a regra, na falta de uma resposta lógica para explicar uma questão psicológica, seja um simples fenômeno social ou uma paranóia passageira motivada por uma onda comportamental qualquer, basta rotular o caso como uma doença da psique já protocolada no bulário médico, e a questão estará resolvida.
E é desse modo que, uma criança viciada em vídeo game ou mídias sociais, por exemplo, logo se torna um caso médico, e uma nova patologia é às pressas protocolada e homologada, mas nunca com o propósito de resolver a questão, e sim de perpetuá-la. Quando não se tem a intenção de enfrentar e resolver um novo fenômeno comportamental de origem social, seja uma simples paranóia sazonal ou modismo patrocinado pelos novos hábitos do nosso tempo, basta classificá-lo como doença urbana, e está solucionada a questão.
É a vida moderna. Os pais precisam trabalhar, até para prover o sustento dessa criança ou jovem, que é na verdade um menor abandonado, apesar de compartilhar do mesmo espaço físico com o casal. Trabalham os pais mais do que precisam, deixando seus filhos à tutela de um mundo patológico, um professor aplicado e competente, quando o assunto é a replicação de suas anomalias, alienações, psicoses, vícios e deformações.
Então, a primeira e extraordinária conclusão a que chegaram, foi que jovens saudáveis, de famílias bem estruturadas, de boa aparência e sem problemas patológicos, também tinham problemas pessoais.
Descobriu-se que as meninas, na maioria das vezes, por razões estéticas, desejavam mudar alguma parte do seu corpo. Algumas o fariam para ceder às reivindicações de amigos ou amigas, e por fim das mães. Sem querer pontuar o grau de culpabilidade ou o peso da influência de quem quer que seja na decisão destas jovens, restava descobrir por que opiniões dessa natureza repercutiam de maneira tão dramática em suas rotinas, comprometendo de modo significativo seus relacionamentos interpessoais, Desempenho Escolar, gosto pela vida, e até mesmo a qualidade de sua saúde mental[3][4].
Constatou-se ainda que, diante do espelho, estas jovens já sabiam exatamente a razão de sua inatisfação. Mas, uma questão estava pendente. Qual a origem desse comportamento; de onde teria partido o comando ou elemento indutor primário; a sugestão, a ordem hipnótica, a reprogramação mental para que, de maneira obsessiva, se identificassem com tão paranóica postura?
Depois de compilados os questionários, os pesquisadores concluíram que o principal agente indutor da paranóia juvenil foram suas mães. No entanto, restava ainda investigar qual seria a Fonte Condicionadora desta genitora. Afinal de contas, quando se compara alguém com outrem, há de existir um gabarito que sirva de referência, um modelo diante do qual a aferição se torne possível. Sem a medida comparativa ou uma métrica que favoreça a analogia e sirva de arquétipo, pela lógica mais elementar, o cotejo torna-se impossível.
Se diante do espelho a jovem esteticamente não se sente bem[5], um protótipo para aplicar como referência ela deve ter usado. Se o comparado não está contente consigo mesmo, necessariamente, do outro lado há de existir um modelo de referência que precisa ser imitado.
Como comparamos alguma coisa? Evidentemente, com um objeto que possa nos servir de exemplo. E só podemos comparar nossa amiga ou filha com outra pessoa, nunca com uma coisa inexistente. Comparamos com um padrão de beleza ou a estética que o mercado de consumo popularizou e protocolou como ideal; não há outra forma. E o que é este mercado da estética senão o meio social onde estão centradas todas as fontes do circo midiático, ou seja, Jornais, Revistas, Televisão, Cinema, Influenciadores Sociais, Internet e tudo mais?
Quem precisa criar e promover ídolos, símbolos e ícones de beleza senão o Influente teatro da cadeia Mídiática, em todas suas formas? Qual é o principal produto e força motriz que impulsiona suas vendas e visibilidade senão o elemento humano? Inventar motivos existenciais para este consumidor, recursos condicionantes, processos de alienação mental e induzir novas condutas ou comportamentos sociais, este parece ser o principal papel da Mídia, influenciadores, ideologias, ativistas, e assim por diante.
Dizer o que aquele indivíduo deve fazer, como deve se comportar, o que deve desejar, e até mesmo no que deve pensar, esta é e sempre será uma tarefa da competência destas fontes, e do êxito dessa abordagem vai depender seu próprio futuro como bem sucedidas atividades, ou empreendimentos com fins lucrativos.
Assim, quando uma mãe elogia os atributos de algum ícone público diante de sua filha, entra em ação a exigente régua da estética criada pelos meios influenciadores ou canais midiáticos[6]. E, independente dos comentários informais das passivas mães, há os comentários das amigas, dos amigos, dos Blogs de celebridades, influenciadores Sociais, modismos da TV, cuja interferência, certamente, é bem mais relevante que as incipientes palavras informais de uma pobre e, muitas vezes diante dos filhos, insignificante progenitora.E diante de tudo isso, quando a indefesa e imatura vítima se olha no espelho e percebe que não possui os tais dotes ou atributos tão celebrados pelos patrocinadores deste circo midiático, traços que, segundo seu ponto de vista, a todo custo precisam ser copiados, naturalmente tenderá a sentir-se completamente “Fora da Caixa”.
Revistas, livros, jornais, internet e mídias sociais, e principalmente a televisão, onde as imagens ganham vida e glamour, são as fontes de toda paranóia do ser humano moderno, especialmente quando o assunto é padrão de estética para jovens, adultos, crianças, ou para qualquer coisa que esteja na mira do interesse comercial destes empreendimentos.
Pouco importa para os meios de comunicação em massa se as pessoas comuns prezam pelos seus valores pessoais, uma vez que estes poderão ser mudados, revogados, desfeitos ou refeitos a qualquer momento, e tudo isso a depender apenas de suas metas econômicas ou outros interesses.
Enfim, eis o resultado divulgado pelos especialistas responsáveis pela condução da pesquisa:
Perguntaram: "Quem condiciona ou induz adolescentes a adotarem uma Postura de Insatisfação com a própria Imagem? Ou seja, qual a autoridade que mais influencia ou induz estas jovens a um nível de descontentamento tão dramático em relação ao próprio corpo?"
E convenientemente deixaram de fora a seguinte questão: quem influencia a todos? Mães, amigas, amigos; enfim, qual a fonte de inspiração ou indução que contagia com seus padrões a todo este contingente? Existirá outro meio senão os próprios canais influenciadores midiáticos em suas mais diversas formas?
Quem cria todo este circo? Quem divulga, reforça, dissemina, dia após dia, todos os estereótipos, arquétipos e os demais conceitos associados à promoção das imagens, autoimagens, padrões de estética corporal, manias e paranóias psicológicas para o grande e acrítico público?[7]
Aparentemente, omitir fatos ou distorcer verdades tem sido um dos principais papéis das mídias sociais do nosso tempo. Diante de uma situação onde o óbvio é sumariamente ignorado apenas para defender interesses pessoais ou corporativos de veículos influenciadores midiáticos e formadores de Opiniões, devemos questionar qual a utilidade dos nossos olhos, ouvidos e bom senso. Se não temos mais competência para afirmar o que nossos olhos vêem ou o que nossos ouvidos escutam, então estamos perdidos, e nesse caso, não diferimos de bichinhos amestrados.
Negar um fato é distorcer uma verdade e promover uma mentira, um gesto que apenas favorece aos interesses daqueles claramente comprometidos em seduzir, iludir, enganar e desinformar seu público amestrado. Este processo é também conhecido como a Técnica da Desinformação, uma espécie de autohipnose coletiva, uma abordagem já largamente usada por regimes totalitários, correntes ideológicas ou movimentos ativistas extremistas para propagar suas sinistras ideias.
É o mesmo princípio já usado pelos Gurus, Missionários, Instituições Doutrinárias ou algumas corporações Sectárias, para convencer seus simpatizantes de que, se existe um caminho capaz de conduzi-los a algum destino digno, este, certamente, não poderá ser outro senão aquele indicado por eles.